Um rato e um sapo
(Tradução de um poema de Rumi a partir da versão em inglês de Coleman Barks)

UM RATO E UM SAPO
Um rato e um sapo se encontram toda manhã na margem do rio.
Eles se sentam em um canto no chão e conversam.
A cada manhã, no momento em que se encontram,
eles se abrem com facilidade, contando histórias,
sonhos e segredos, sem medo ou desconfiança.
Ver e ouvir esses dois
é entender, como está escrito,
que às vezes quando dois seres se juntam,
Cristo se torna visível.
O rato começa a gargalhar de uma história na qual não pensava
há cinco anos, e a narração pode levar cinco anos!
Não há como bloquear o fluxo da fala-rio
de ímpeto corrente que é essa verdadeira intimidade.
A amargura não tem chance com esses dois.
O mensageiro de Deus, Khidr, toca em um peixe assado.
Este salta da grelha de volta para a água.
Um amigo se senta com outro amigo, e as tábuas aparecem.
Eles leem os mistérios na testa um do outro.
Mas um dia o rato reclama: "Tem hora
que eu quero conversar, e você está lá na água,
pulando por aí sem poder me ouvir.
Nós nos encontramos nesta hora marcada,
mas o texto diz: os Amantes rezam constantemente.
Uma vez ao dia, uma vez por semana, cinco vezes por hora,
não é o suficiente. Peixes como nós
precisam do oceano em volta!"
Por acaso os sinos dos camelos dizem:
"Vamos nos encontrar de novo quinta à noite?"
Ridículo. Eles retinem sem parar,
falando enquanto o camelo anda.
Você visita regularmente a si mesmo?
Não discuta, nem responda racionalmente.
Que morramos,
e que, morrendo, possamos responder.

(Traduzido do livro The Essential Rumi)


