PRESTES - série de Luiz Paixão

PRESTES - série de Luiz Paixão

Luiz Carlos Prestes por Cândido Portinari

PRESTES – Introdução

Por Luiz Carlos Prestes Filho

No dia 3 de janeiro de 1925, meu pai, Luiz Carlos Prestes, com seus soldados, enfrentou o vitorioso Combate da Ramada, no norte do Estado Rio Grande do Sul. Abrindo caminho para atravessar o Estado de Santa Catarina, em direção ao Estado do Paraná. Exatamente, para se juntar aos rebeldes paulistas que estavam estacionados na cidade de Foz de Iguaçu. Para depois iniciar a marcha da Coluna Prestes de 24 mil quilômetros pelo país (1924/1927).

Quando a artilharia das tropas do Exército do Brasil, na Ramada, abriu fogo, os soldados se voltaram para o comandante revolucionário dizendo: “Estão saudando o seu aniversário Prestes!” Sim, no dia 3 de janeiro de 1925, o jovem comandante do Exército Revolucionário Gaúcho estava completando 27 anos de idade. Realizando, magistralmente, apesar da insuficiência de recursos materiais, uma manobra militar que derrotaria o inimigo.

Luiz Carlos Prestes, comandante do 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo / RS

Este foi um dos aniversários de meu pai que, se vivo estivesse, estaria completando 124 anos, em 2022. Muitos aniversários depois ele passaria no exílio, na prisão e na clandestinidade. Outros, cercado de parentes, amigos e companheiros de luta. Sempre sendo aquele destemido jovem de 27 anos que enfrentou as armas do Governo Federal.

Foram 92 anos de vida, através de momentos que marcaram a História do Brasil e do mundo: a Revolução de 1930; o Estado Novo Fascista de Vargas (1937/1945); a Segunda Guerra Mundial (1939/1945); os governos de Eurico Gaspar Dutra (1946/1951), Getúlio Vargas (1951/1954), Juscelino Kubistchek (1956/1961), Jânio Quadros (1961) e Jango Goulart (1961/1964); o Golpe Civil/Militar de 1964; os anos de chumbo da Ditadura Militar; a derrubada do Muro de Berlim (1989); os governos José Sarney (1985/1989) e Fernando Collor de Mello (1990).

No meio da luta casou com a revolucionária alemã, Olga Benário, com quem teve uma filha. Após o assassinato desta sua primeira companheira, na Alemanha Nazista, casou com a militante comunista brasileira, Maria do Carmo Ribeiro, minha mãe, Maria Prestes, com quem teve 9 filhos (dois destes adotados). Hoje são 25 netos e 25 bisnetos.

Após a marcha de dois anos e três meses da Coluna Prestes, Luiz Carlos Prestes, declarou que com seus soldados combateu as consequências do injusto sistema capitalista. Desde aquele momento adotou o marxismo, porque desejava combater a causa da miséria, da fome e do desemprego. Por tanto, ergueu a bandeira da revolução socialista e entrou para o Partido Comunista Brasileiro – PCB (1934), do qual foi secretário Geral, entre os anos de 1943/1980. Partido que deixou, em 1980, por considerar que a organização tinha traído os interesses do povo brasileiro.

Luiz Carlos Prestes - Senador da República (1946)

Nunca recuou um palmo de suas ideias, apesar de realizar muitas vezes autocrítica frente aos erros cometidos. Nunca abriu mão de ser um COMUNISTA REVOLUCIONÁRIO até os últimos dias de sua vida.

Para comemorar os 124 anos de Prestes, os 100 anos de fundação do PCB, os 100 anos do Levante do Forte de Copacabana, o jornal CATETEAR ON-LINE inicia a publicação da peça teatral “PRESTES”, de autoria do dramaturgo e diretor Luiz Paixão. Os leitores poderão reviver momentos da História do Brasil e se aproximar do enredo vivido pelo homem que encarnou o comunismo no Brasil e América Latina – o Cavaleiro da Esperança.

Luiz Carlos Prestes (década de 1980)

Entendo ser oportuno lembrar as seguintes palavras do poeta Pablo Neruda: "Nenhum dirigente comunista da América Latina teve uma vida tão trágica e portentosa quanto Luiz Carlos Prestes."

Luiz Carlos Prestes Filho é editor do jornal CATETEAR ON-LINE