1º DE JANEIRO – O DIA DA ESPERANÇA COLETIVA

1º DE JANEIRO – O DIA DA ESPERANÇA COLETIVA

1º DE JANEIRO – O DIA DA ESPERANÇA COLETIVA

PASSAGEM DE ANO REACENDE SONHOS E DESEJOS

Por Luiz Rodrigues Corvo

Hoje, dia denominado pelo calendário gregoriano como 31 de dezembro de 2021, o planeta Terra está mais uma vez girando sobre seu eixo (como faz há milhões de anos) durante uma fração de tempo que os homens convencionaram ser de 24 horas, a qual se iniciou na última meia-noite (ou zero hora) e terminará na meia-noite seguinte (ou 24 horas). Como ocorre todos os dias. A diferença é que, neste exato dia, o planeta também concluirá mais uma volta ao redor do Sol (como igualmente faz há milhões de anos), a qual, pelas convenções universalmente aceitas, durou 365 vezes 24 horas (dias), mais 6 horas.

Relógio de Sol

Na natureza, portanto, tudo continuará como antes, nada mudará de hoje para amanhã, nem durante o dia (entendido como o tempo em que o Sol ilumina metade da Terra), nem durante a noite (quando não há luz do Sol nessa metade do planeta). A Terra iniciará um novo movimento de rotação sobre si mesma e mais um movimento de translação em torno do Sol. Mas, pelas convenções criadas pela fértil e poderosa imaginação dos seres humanos, começará nesse novo dia, após o de hoje, mais um ano – significando, no espírito coletivo, um "novo tempo", que abre novas possibilidades. E por isso festividades de toda ordem enterrarão o "ano velho" e saudarão o "ano novo", à medida que for acontecendo em cada ponto da Terra (na hora em que escrevo, já é 1º de janeiro de 2022 na Nova Zelândia, na Austrália, no Japão e em outros lugares menos conhecidos).

A motivação emocional e psicológica para essa comemoração de um inexistente início de "novo tempo" – de que estaria prenhe o ano novo – tem o nome de esperança. Que nada mais é senão o desejo íntimo de que, no "novo tempo", ocorram as boas coisas que cada um de nós almeja; ou – o que é praticamente a mesma coisa – de que consigamos realizar propósitos e alcançar objetivos desejados e até agora não executados ou atingidos.

A Terra vista do Espaço

A esperança é um sentimento indispensável à sobrevivência do ser humano. Não por acaso diz o brocardo popular que "a esperança é a última que morre". Pois, mesmo nos estertores que prenunciam o fim da vida, o ser humano mantém acesa no espírito a crença de que continuará existindo indefinidamente, que algo ocorrerá para que a sua presença na Terra não desapareça. E, mesmo que se encerre aqui em nosso planeta, continue sob alguma forma em outra dimensão. Vista por este ângulo, a esperança é também a matriz de todas as religiões e crenças que prometem a superação da morte e a vida eterna por múltiplas formas.

Se o 1º de janeiro de cada ano serve para renovar coletivamente as esperanças dos seres humanos, há outra data em cada ano na qual esse renascer da esperança ocorre, mas de forma individual: no dia convencionado para o aniversário de cada um de nós.

Santo Agostinho

Se a esperança é um motor emocional indispensável à sobrevivência humana, convém lembrar o que a respeito dela disse Santo Agostinho: "A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las".

Que em 2022 a humanidade aja conforme essa lição e, na medida do possível, faça com que o bem supere o mal; com que a solidariedade supere o egoísmo; com que cada ser humano se sinta igual a todos os seus semelhantes naquilo que os torna absolutamente singulares – filhos do Cosmos que portam vida.

São Paulo, 31 de dezembro de 2021.

Luiz Rodrigues Corvo é advogado e ex-vereador de Santos / SP