Nosly - Compositor do Brasil e do Mundo

Nosly - Compositor do Brasil e do Mundo

Nosly - Compositor do Brasil e do Mundo

Caxias, Rio, Belo Horizonte, Olinda, Recife x Colônia, Barcelona, Paris, Lisboa, Düsseldorf

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Em entrevista exclusiva para Luiz Carlos Prestes Filho, o compositor, letrista, músico, educador e líder do bloco de carnaval de Olinda, "Se me der eu como", Nosly, conta sobre sua trajetória: "Eu nasci em Caxias, Maranhão, terra de Gonçalves Dias, no dia 9 de Agosto de 1967. Dessa primeira infância, carrego lindas lembranças auditivas, já que meus avós e meus pais, muito musiciais que eram, me proporcionaram ouvir e apreciar música de qualidade em casa." Artista versatil viajou o mundo com suas canções sempre agregando parcerias. Mas considera fundamental suas raízes: "Meu pai, Nosly Marinho, era carioca e minha mãe, Maria Luiza, era maranhense, sou fruto dessa mistura. Tenho minhas raízes no Rio. Um dia resolvi dar mais um passo no aprimoramento artístico e mudei de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, onde vivi por quase 10 anos antes de ir para a Europa." Sempre positivo, Nosly afirma: "Embora com tudo de adverso que acontece, sou otimista com relação ao futuro, pois existem compositores unidos em torno da luta em defesa dos direitos autorais no Brasil. Temos representatividade e força!"

Por Luiz Carlos Prestes Filho

Luiz Carlos Prestes Filho: Caxias, São Luís, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Olinda e Recife. O que cada uma dessas cidades lhe ofereceu para ser o artista que é hoje?

Nosly: Eu nasci em Caxias, Maranhão, "Terra de Gonçalves Dias ", no dia 09 de Agosto de 1967. Dessa primeira infância carrego lindas lembranças auditivas já que meus avós e meus pais, muito musiciais que eram, me proporcionaram ouvir e apreciar música de qualidade em casa. A lembrança que vem agora à tona, é quando eu pego um disco vinil do Agostinho dos Santos para ouvir "Estradas do Sol" (Tom Jobim e Dolores Duran). Quando mudamos de Caxias para a capital, São Luís, eu tinha 5 anos de idade e aos 7, saímos de um bairro para outro e chegamos naquele lugar que seria marcante na minha infância e juventude: o bairro do Monte Castelo. Logo nos primeiros dias na "rua nova" fiz amizade com o Zeca (Zeca Baleiro) e dali nasceu um encontro maravilhoso e permanecemos até hoje irmanados no bem. Com 13 me interessei de verdade pelo violão, como autodidata. Estudava sempre depois que chegava do colégio. Tava com o violão debaixo do braço permanentemente. Em seguida descobri que poderia compor, criar melodias. Foi quando o Colégio Santa Teresa, onde conclui o 2°grau (ensino médio), promoveu um Festival Estudantil. Concorri e fui vencedor com uma música: "Amor de Ilha" (Nosly e Robson Alvim). Uma singela canção em homenagem a Ilha de São Luís. Com esse "start" não parei mais de compor e querer me aprimorar mais no violão. Minha amizade com o Zeca sempre foi muito forte, sempre ouvimos muita música, isso nos influenciou. Mas só pelos 15 anos que começamos a trocar essa ideia musical, já que ele, assim como eu,também se aventurava no mundo da composição e do violão. Não demorou muito tempo e começamos a compor e a música que marca nosso início de fato como artistas se chama "Noves Fora" (Nosly e Zeca Baleiro) que foi nossa estreia, primeira gravação e que está registrada no disco "Tribo", produzido pelo Maestro Zé Américo (1990). Em 1986, surgiu a oportunidade de conhecer Minas. Eu sempre fui um fã incondicional da música mineira e de todos os compositores de lá, não se pode pensar em Minas sem citar o "Clube da Esquina". Na minha juventude ouvia muito! Amava aquelas harmonias e melodias, então não pensei duas vezes, porque queria continuar me aprimorando no violão e na composição e Minas Gerais era o lugar certo para que isso acontecesse. Nesse ano (1986) participei do 1º Seminário Brasileiro da Música Instrumental em OuroPreto-MG. Evento idealizado pelo Toninho Horta e realizado pela produtora dele "Terra dos Pássaros", em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Imagina um mês naquela mágica cidade, compartilhando música o dia inteiro com mais de mil músicos de todas as regiões do país?Com os melhores professores daquela época em todas as áreas. Instrumental e teórica! Foi absurdamente lindo e marcante em minha vida, esse encontro único na música brasileira, jamais vou esquecer, por tudo que representou pra mim, essa magnífica experiência. Tive a oportunidade de estudar com a Célia Vaz e Gilvan de Oliveira, Ian Guest e Nelson Faria. Além de workshops com Toninho Horta, Dori Caymmi, Heraldo do Monte e Leni Andrade. De Ouro Preto, fui morar em Belo Horizonte, quando me tornei aluno da Fundação Clovis Salgado do Palácio das Artes, onde aprofundei meus estudos de violao clássico com a Professora Cecília Barreto e os estudos de Percepção Musical e Arranjos com Claudia Cimbleris e André Dequech. Além do workshop com o "Campeão" Hermeto Pascoal. BH marca essa fase de estudos do violão e a experiência adquirida como cantor, violonista, atuando em bares e espaços culturais da cidade.

O compositor Nosly com seu pai, Nosly Marinho

Nosly: "Meu pai, Nosly Marinho era carioca e minha Mãe Maria Luiza, era maranhense, sou fruto dessa mistura. Tenho minhas raízes no Rio e um dia resolvi dar mais um passo no mudei de BH para o Rio de Janeiro, onde vivi por quase 10 anos antes de ir para a Europa. O Rio de Janeiro é marcante em muitos aspectos, mas destaco principalmente o aprimoramento na composição, já que tive a oportunidade de conhecer e conviver com grandes ícones da música brasileira e esse contato me permitiu alargar meu leque de possibilidades harmônicas, melódicas e textuais. O convívio com grandes músicos na noite carioca me influenciou bastante no sentido da busca, por atuar sempre no mais alto nível. Atualmente eu moro em Olinda, Pernambuco, e estou muito perto de Recife. A cultura pernambucana é vasta e depois de 7 anos na cidade, você absorve isso. No meu caso, compositor, tento transformar o que vivo em música. Continuo compondo bastante e sempre  disponível aos parceiros que se apontam. Inspiração aqui tem muita e Recife é uma porta aberta para o mundo.”

Nosly e sua mãe, Maria Luiza
Prestes Filho: Quais contribuições você trouxe do exterior?
Nosly: Minha experiência na Europa foi muitíssimo proveitosa, morei na Alemanha, em Colônia, entre 1995 e 1996, e nessa primeira passagem, tive a oportunidade de tocar em vários paises além da Alemanha. Estive na Holanda, Bélgica, França, Áustria e Suíça. Além de atuar como músico, aproveitei para iniciar meus estudos da língua alemã o que tornou minha estadia por lá ainda mais interessante e promissora. Em 1998 fui convidado para Participar do "The London Garden Jazz Festival", realizado na cidade de Canterburry, Inglaterra. Atuei nessa ocasião com meu parceiro escocês Joe Hamilton. A segunda vez  que estive morando na Europa foi de 2003 a 2010. Fiquei um ano residindo no Principado de Andorra e depois em Barcelona, Espanha, na sequência retornei para a Alemanha. Agora para cidade de Düsseldorf, onde permaneci até 2010. Nessa segunda passagem,além dos shows também produzi dois álbuns. Um que se chama "Desde El Corazon", que tem como protagonista o cantor e compositor Brasileiro Otelo Neto cantando em espanhol canções que escrevemos em parceria com o espanhol de Valência, Josep Valls.
Esse trabalho foi gravado em Paris e lançado na Espanha e toda Europa. Também, produzi em parceria com o baixista brasileiro, André de Cayres, radicado em Colônia, meu segundo álbum que se chama "Nave dos Sonhos " (Colônia-Alemanha 2007). Assino todas as composições e arranjos. Nesse álbum tenho parcerias ineditas com Nonato Buzar, Chico Anysio, João Nogueira, Sérgio Natureza e ainda apresento um poema de Fernando Pessoa: "Há no firmamento". Musicado por mim e pelo maranhense, radicado em BH, Marcos de Carvalho. Atuei também em Portugal, Lisboa. Esse tempo vivendo na Europa, foi extremamente importante, pois investi também no aprimoramento dos idiomas espanhol, inglês e alemão. Atuei em palcos importantes: em Paris no "Blue Note"; em Barcelona no "Luz de Gas"; e em Düsseldorf no "Bossa Nova". Foi uma época muito fértil . Na Europa compus em espanhol, inglês e alemão. Isso rende frutos até hoje. Continuo retornando para shows e workshops.

"Uma outra coisa que considero importante, foi já perto de vir de volta para o Brasil, assistindo a um documentário na TV alemã, sobre o maestro Heitor Villa-Lobos e sua obstinação com relação à necessidade de implementar a música como matéria básica na grade curricular das escolas brasileiras. Depois desse documentário, idealizei um projeto que se chama "Oficina Itinerante Trilhas e Tons-Teoria Musical Aplicada à Música Popular". Assim sai do campo da retórica e realizei seis edições desse projeto. Passei por um total de 60 cidades. Foram mais de 1.500 alunos certificados. Então além de atuar como cantor, compositor e violonista, sou professor de Percepção Musical e Harmonia. O curso tem duração de 20 horas e é uma imensa alegria e honra, educar com música, compartilhar conhecimento e disseminar cultura. Esse é o legado que humildemente quero deixar para as futuras gerações."

Nosly com alunos da "Oficina Itinerante Trilhas e Tons-Teoria Musical Aplicada à Música Popular"
Prestes Filho: A música internacional cada vez mais oucupa o espaço da música brasileira nas mídias e mercado. Porque isso acontece?
Nosly: O compositor Brasileiro sofre esse massacre por que existe o poder do dinheiro, do quem dá mais e do pagou tocou... Quer dizer que a qualidade já não é mais o fator preponderante para que a música seja executada. Então quem tem uma produção mais abastada para alimentar isso, acaba obtendo uma imensa vantagem em detrimento de outros que não se submetem ao pagamento do "jabá" e buscam divulgar somente através das plataformas digitais e outras mídias alternativas. Acaba sendo muito desigual para competir com a música internacional que domina o comércio de entretenimento. Os compositores brasileiros sofrem com a arrecadação de seus direitos autorais. Na execução nas plataformas os "gringos " estão muito mais organizados, o sistema deles é muito mais eficiente que o nosso regido pelo Escritório Geral de Arrecadação (ECAD). Esta entidade merece um readequamento de suas  prerrogativas para que a gente possa ter um valor justo pelas músicas baixadas em plataformas de streaming e uma arrecadação mais a contento. 

"É importante também estimular as rádios do Brasil a tocar música brasileira em suas programações, infelizmente algumas são cooptadas pelo poder do "Jabá", mas ainda acredito na boa intenção de muitos, que tem apreço pela música de qualidade e não abrem mão de seus ideais em função da benesse material. Preservar a memória da MPB é imprescindível para as novas gerações."

Nosly e o parceiro Zeka Baleiro

Prestes Filho: Você tem parcerias com Zeca Baleiro, Chico Anysio, Fausto Nilo, João Nogueira e muitas outras. Destaque o que aprendeu com cada parceiro.

Nosly: Falar dos parceiros sempre é um prazer grande, primeiro pela alegria de compartilhar momentos de pura criação, vivências e afinidades. Robson Alvim foi o primeiro parceiro, ele foi o start para possibilidade de compor, pois eu já estava ali "empolgado" com o violão! Mas ainda não tinha experimentado me aventurar no caminho da criação. Compusemos a músicas "Amor de Ilha" que, como disse, foi vencedora do Festival do Colégio Santa Teresa no ano 1985. Foi a fase da descoberta dessa nova possibilidade, compor.

"Daí pintou o parceiro-irmão-querido Zeca Baleiro. Embora a gente tenha se conhecido, quando eu tinha 7 e ele 8 anos, só viemos a compor juntos lá pelos 15, 16 anos. Foi muito fértil essa nossa primeira fase, já inauguramos várias (rsrsrs). São mais de 80 composições que assinamos juntos e a grande maioria ainda inéditas! O nosso baú não para de crescer porque a gente continua compondo até hoje.”

Nosly e os parceiros Fernando Abreu e Celso Borges

Prestes Filho: Grandes parceiros Celso Borges, Nonato Buzar, Gerude e Chico Anysio...
Nosly: Celso Borges, poeta,compositor e jornalista maranhense, falecido em abril de 2023, foi muito importante nessa caminhada. Começamos compondo juntos, ele, eu e Zeca. Aconteceu na segunda metade da década de 1980. O curioso é que fizemos muitas à distância, pois eu já estava morando em Belo Horizonte e recebia as letras pelo correio. Tenho muitas com ele, nossa produção foi muito generosa, com ele compus :"June", "Esse Tu", "Aldeia" e "Claridade". Celso Borges é um parceiro saudoso e amado. Gerude também é um grande parceiro. Natural de Codó, Maranhão, radicado em São Luís. Com ele tenho um obra muito considerável e várias gravadas em meus álbuns e nos dele e de outros artistas. Meu parceiro mais constante, junto com Zeca, é Nonato Buzar. "O Velho" foi um verdadeiro professor apresentado pelo Gerude. Logo em nosso primeiro encontro, no dia exato que o conheci, compusemos umas das músicas mais importantes do meu cancioneiro que se chama "Coração na Voz" (Nosly,Gerude e Nonato Buzar) gravado por mim e também pelo saudoso parceiro João Nogueira no disco dele "João de Todos os Sambas". Nonato além de dividir momentos inesquecíveis, foi meu grande "abre alas" quando cheguei no Rio de Janeiro. Foi ele quem me apresentou e fomentou parcerias minhas com João Nogueira, Tibério Gaspar e Chico Anysio. Ele fez isso acontecer e lhe serei para sempre grato por me proporcionar o convívio musical e a amizade desses ícones do Brasil. João Nogueira me abraçou desde o dia em que fomos apresentados pelo Nonato. Ele sempre tava aberto para ouvir e quando dá primeira audição do nosso "Coração na Voz", na casa do Velho, bateu na mesa e falou : "Essa eu vou gravar no próximo disco!" Assim o fez. Um dia estávamos juntos e o Velho sugeriu que eu tocasse para ele uma música Instrumental que eu havia feito. Ele curtia essa melodia e pediu para mostrar para o João.  A reação do João foi assim: "Parceiro, essa é minha e ninguém tasca! Tô com essa para fazer agora!" Foi risada geral. Daí o Nonato no ato nos deu papel e caneta e saímos eu  e o João para burilar a letra na melodia. Nasceu "Ladeira " (Nosly e João Nogueira) gravada nos meus álbuns: "Nave dos Sonhos " e "Sambas ". Tenho lindas lembranças do parceiro querido João Nogueira, sempre muito generoso e iluminado para sempre. O Chico Anysio, o maior humorista do Brasil, foi também me apresentado pelo Nonato, o "Velho Buzar". No princípio eu fui contratado para dar aulas de teoria musical para a Malga de Paula que foi a última mulher dele, com quem esteve casado até o fim de sua passagem nesse plano terreno. Tudo se resumia a dar a aula e depois passar no escritório, dentro da própria casa dele para receber o soldo. Um dia depois da aula ele me chamou e pagou um valor correspondente a 10 aulas. Assinou o cheque e me entregou. Daí eu falei: "Chico, acho que você se enganou e colocou um zero a mais". Devolvi o cheque. Mas ele de pronto falou: "Nosly,não há nenhum engano, essa grana a mais é pra você mesmo, porque a Malga, tá curtindo muito tua aula e quero ver ela feliz .Não precisa repor nada .É pra você." Eu fui pra casa, morava no Catete nessa época, e agradeci muito pelo "avante" e pelo comentário positivo sobre meu trabalho como professor. Um belo dia o telefone tocou, era o Chico: "Nosly, o Nonato me falou muito bem de você. Além de professor você é compositor. Falou que você é um excelente melodista (considero uma generosidade da parte do amigo) e quero te mostrar algumas letras para ver se coloca melodia". Topei o desafio e marcamos um novo encontro, dessa vez sem aula. Nessa nossa primeira tarde, compusemos três músicas: "Se me der eu como", "Yo soy Argentino " e " A cara da Bahia". Nesse nosso tempo de convívio compusemos 28 músicas, gravada somente o "Se Me Der Eu Como" no meu álbum "Nave Dos Sonhos". Quase toda nossa obra ainda está inédita. A música "A cara da Bahia " escrevemos para a Daniela Mercury. O Chico disse que gravaria um scatch do "Alberto Roberto" com  ela. Lhe entregou a música, um afoxé muito "pra cima". Mas ela estava idealizando um outro projeto e acabou não gravando. A música ficou e um dia certamente será registrada por mim ou por quem se interessar.

Parceiros de Nosly: João Nogueira e Chico Anysio

Nosly: "A gente compõe pensando no registro definitivo da obra em gravação. O Chico, foi muito marcante, primeiro porque ele era um dos meus ídolos da infância e juventude, eu não perdia nenhum programa dele desde criança: "Chico City"; "Chico Total"; "Escolinha do professor Raimundo"; etc. Todas as personagens fantásticas criadas por ele. Um gênio do humor mundial, nascido no Brasil. Desde quando ele me recebeu pela primeira vez na casa dele, percebi que era um ser humano incrível, generoso e sempre carinhoso. Quando a gente ia se encontrar para compor, ele me ligava antes de mandar o João, motorista dele, ir me buscar em casa e perguntava: "Nosly você pode vir almoçar comigo? Você quer comer o que?" Esse era o Chico Anysio de todos nós. Participei junto com o Nonato do programa "Domingão do Faustão" (TV Globo) em homenagem a ele. Assim que voltou dos EUA, cantei a  música "Rio São Francisco do Riso" (Nosly e Nonato Buzar) dedicada ao mestre dos mestres do humor, Chico Anysio. Só muita gratidão por tudo que ele representou pra mim.”

Nosly com os parceiros Luis Lobo e Gerude

Prestes Filho: Você estabeleceu uma rede de parceiros.
Nosly: Tibério Gaspar, também foi me apresentado pelo Nonato. Com ele escrevi "Presente". Sérgio Natureza, foi apresentado pelo Zeca Baleiro e tem um fato curioso. Poucas vezes em minha vida de compositor eu compus duas músicas no mesmo dia. Com o Sergio aconteceu. Recebi as duas letras através do Zeca e numa noite em casa, depois de finalizar o livro que eu estava lendo: "Furacão Elis", de Regina Echeverria. Foi quando me veio uma super inspiração para compor, fui direto para o violão e daí nasceu "Fado Fatal" (Nosly e Sérgio Natureza), gravada no meu álbum "Nave Dos Sonhos". Logo em seguida, pintou a outra melodia e daí nasceu "Voo Noturno" (Nosly e Sérgio Natureza), gravada no meu álbum "Parador" produzido por Zeca. Acho que a Elis mandou essas duas lá de cima pra mim, era mesmo como se estivesse fazendo para ela gravar. Sempre fui um super fã dela e do imenso legado que ela nos deixou. Sergio é um Queridão. Fausto Nilo, é o parceiro na música "Versos Perdidos " (Nosly, Zeca Baleiro e Fausto Nilo), até hoje só falamos por telefone, nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer pessoalmente, curioso né?
Mas nossa parceria foi fomentada pelo Zeca, que trouxe a letra e ideia de dividir comigo a composição. Essa música, foi uma "encomenda" da Cassia Eller para o Zeca, depois de pronta ela ouviu e adorou, estaria no álbum que ela pretendia gravar, mas infelizmente isso não se concretizou, pois ela nos deixou precocemente. Eu tive a honra de conhece-la pessoalmente, ela me viu tocar no Ball Room, bar que marcou uma época no Rio. Depois do show me abraçou e elogiou muito minha performance solo. Uma energia linda que ela tinha, momento esse que jamais esquecerei. Um dia, é claro, sei que terei a oportunidade de encontrar o parceiro Fausto Nilo, pessoalmente e lhe dar um grande abraço.

Nosly e o parceiro Chico Cesar

Prestes Filho: Chico Cesar?
Nosly: Chico César, também foi me apresentado pelo Zeca. Eles moravam juntos, dividiam um apartamento em São Paulo e no dia que nos conhecemos surgiu de cara a parceria "Bilhete Azul Claro" (Nosly e Chico César), que está registrada no meu CD "Parador". É um grande artista e amigo precioso, vez por outra nos encontramos na estrada. Luiz Carlos Sá, conheci na galeria Leblon, tava fazendo um show lá e surgiu ali na frente o Magrão (14 bis), que eu já conhecia e o Sá. Eles ficaram me ouvindo tocar e daí aconteceu o inesperado. Tocamos juntos o "Caçador de mim", composição deles dois, depois desse dia,nos tornamos amigos e parceiros, compusemos duas "Não Sei Quem Sou" e "Onde Quando em Quê". Otelo Neto, parceiro, natural do Rio de Janeiro, temos uma obra em língua espanhola, são dez músicas que assinamos e que estão registradas no CD dele que se chama "Desde El Corazon ", gravado em Paris e lançado na Europa em 2004. Parceiros estrangeiros são três para destacar: Joe Hamilton, escocês; Andrea Canta, alemã; e Joseph Valls, espanhol. Lá no Maranhão também tenho muitos parceiros para destacar: Fernando Abreu, Luis Lobo, Ronald Pinheiro, Josias Sobrinho, Joãozinho Ribeiro, Cesar Nascimento, Chico Saldanha, Glad, Tutuca e Celso Reis. Em Pernambuco, na cidade de Olinda, também crio raízes e novos parceiros com destaque para Don Tronxo, Flávio Souza e, em especial, Marcelo Melo do Quinteto Violado do qual sou fã desde criancinha (rsrsrs). Pois ouvi muito o Quinteto Violado, acompanho a trajetória deles desde os Festivais da TV Globo e tenho até hoje um disco vinil que é muito marcante para mim o "Até a Amazonia" que era  disco de cabeceira. Adoro todas as músicas e os belos arranjos de Toinho Alves ,com destaque para  "A palavra acesa "  (Fernando Filizola e José Chagas). E parceiros poetas,poemas musicados :
Fernando Pessoa,Ferreira Gullar,Olga Savary,Bandeira Tribuzi,Lúcia Santos e José Chagas.

Nosly com o parceiro Otelo Neto

Prestes Filho: Quando e como você iniciou seu caminho como compositor?
Nosly: A minha primeira lembrança com violão é pelos 12 anos de idade.Eu sempre gostei de música, já nasci com isso. Minha avó comprou um violão para minha mãe,mas eu que tomei de conta. Tinha um amigo da rua no bairro Monte Castelo que me ensinou dois acordes e eu ficava treinando assim que chegava da escola. Foi assim que tudo começou e ouvindo sempre música de qualidade. Já aos 14 anos despertou a coisa da composição e eu já estava no 2°grau e levava sempre o violão para escola. Na hora do recreio era "show" garantido. Daí aconteceu o festival estudantil e isso foi quando nasceu a primeira composição, que foi vencedora desse festival. Em 1985, fiz meu primeiro show solo: "Luminar". Foi no Teatro Arthur Azevedo em São Luís, Maranhão. Esse show marca a primeira subida aos palcos do querido Zeca (que ainda não era Baleiro) e no ano seguinte (1986), realizamos juntos no mesmo teatro o show que se chamou "Umaizum". Esse que considero um marco definitivo para me profissionalizar. Logo na sequência resolvi partir para Minas Gerais. Primeiro Ouro Preto, para participar do 1º Seminário Brasileiro da Música Instrumental. Depois para ficar morando em Belo Horizonte, onde residi de 1986 a 1995. Época de muito estudo. Percepção musical, harmonia e violão clássico. Grandes mestres! Violão: Gilvan de Oliveira e Cecília Barreto. Harmonia : Ian Guest, Célia Vaz e André Dequech. Arranjo: Claudia Cimbléris. Também fui aluno na Fundação Clóvis Salgado no "Palácio das Artes", em BH. Estudante de percepção musical e violonista na Orquestra de Violões. Aí já não tinha mais volta e a música passou a ser minha profissão e meu ganha pão.

Compositor Nosly

Prestes Filho: Seu imaginário musical tem relação direta com suas raízes?
Nosly: Meus avós e meus pais sempre gostaram de ouvir música de qualidade e o ecletismo sempre esteve presente. Ouvia-se  música de orquestra, os clássicos de todas as épocas. Música italiana e francesa. Esse ouvir da primeira infância foi muito importante para o que veio depois. Minha primeira música foi aquela do festival estudantil. Música que teve um marco em minha vida. Considero sendo a primeira: "Amor de Ilha" (Nosly e Robson Alvim). Hoje já não toco mais, talvez se puxar na memória eu consiga até lembrar.

"Agora a primeira gravação que julgo como sendo o ponta pé para minha carreira profissional foi a música "Noves Fora" (Nosly e Zeca Baleiro). Foi meu primeiro registro como cantor e compositor. Está no disco "Tribo" onde divido a interpretação com o parceiro Zeca Baleiro. Essa também foi a primeira gravação dele como profissional. Quer dizer, estreamos juntos e a participação nos vocais da também estreante Rita Ribeiro (Benedito). Estávamos os três nesse momento marcante, no estúdio Transamerica sob a batuta do Maestro Zé Américo.”

Chico Cesar, Nosly e Zeca Baleiro

Prestes Filho: O álbum "Sambas" traz novas parcerias? Trás algo do samba do Maranhão ou do Recife?
Nosly: Eu sempre gostei muito de samba: ritmo, melodia; e harmonia. Em nossa casa se ouvia muito: Miltinho, João Gilberto, Tom Jobim, Nara Leão, Pery Ribeiro, Cartola, Ataulfo Alves, Ismael Silva, Lamartine Babo, Maria Creuza, Clara Nunes e muitos outros. Também, ouvia os maranhenses: "Velhos Moleques"; Antônio Vieira; Cristóvão; "Alô Brasil" e Lopes Bogea. Então, penso que desses dois universos auditivos, surge meu apreço pelo samba. Como disse o meu pai era carioca e minha mãe maranhense. Carrego essas duas influências. O samba é Brasil para o mundo, cada um tem o seu próprio jeito de tocar samba, sua levada e seus caminhos harmônicos. Samba foi o primeiro ritmo que eu me interessei em aprender no violão, porque ouvi de um baterista amigo de BH,o Nenen. Eu tinha uns 17 anos e ainda morava na Ilha. Depois de um show que ele fez com o Flávio Venturini no "TAA", fui cumprimenta-lo e falei que estava aprendendo violão.Ele me disse na ocasião: "Nosly, quer aprender violão mesmo? Então começa a estudar samba, pratica sempre, vai na minha. Se você tocar samba bem, você será capaz de tocar qualquer outro ritmo." Ele tinha toda razão. Nunca esqueci disso e me danei a tocar samba e aprimorar minha levada da mão direita. Eu já tinha em mente gravar um disco de samba, com meu repertório autoral.
A ideia amadureceu e se tornou realidade.

"Eu queria fazer um álbum nos moldes antigos, quero dizer, todo mundo tocando junto, me incluindo, também, com a voz e o violão. Um super desafio gravar assim à vera, mas sou movido por desafios. Topei a empreita e foi muito, muito bom gravar nesse formato. Som de verdade e música pura, sem remendos. A escolha dos músicos foi muito fácil, pois são amigos de mais de 30 anos. Uma relação de amizade e carinho profunda. A banda base foi formada por mim, voz e violão; Kiko Continentino, piano; Victor Bertrami, bateria; e Rogério dy Castro, baixo. Daí em algumas faixas contamos com o percussionista Wendel Silva. Para abrilhantar mais ainda esse momento, elegemos alguns solistas, músicos que admiro e que tem grandes serviços prestados à MPB: Carlos Malta, no "Samba em Sete"; Marcelo Martins no "Pedra do Mar"; e Jorge Continentino no "Pagar pra ver". Foram escolhas certeiras que engrandeceu o trabalho. Eu assino alguns arranjos e o Kiko Continentino, também. Destaque especial para o brilhante arranjo escrito por ele para o samba "Pagar pra ver", executado pelo seu irmão, Jorge Continentino. O nome do disco "Sambas" surgiu da seguinte questão. Bem, estou fazendo um álbum com meus sambas. Vou dar um entrevista e vem a pergunta inevitavel: "Nosly, qual o estilo desse teu novo CD, que ritmos,que repertório etc.?" Daí sempre terei que cair no mesmo ponto: "É um disco com meus sambas.”

André de Cayres e Nosly

Prestes Filho: Então neste novo álbum está a paixão do Nosly pelo samba?
Nosly: Sim. Resolvi sintetizar tudo isso batizando o álbum de "Sambas" no plural, onde o próprio nome já não deixa arestas para aparar com relação ao que nele se poderá ouvir .Foi acertada decisão e o trabalho gráfico de Andrea Pedro, sobre os quadros, exclusivamente pintados para mim por Betto Pereira, ficou incrivelmente lindo. Resolvi gravar no Rio e escolhemos o Estúdio Castelo, de Fábio, em Niteroi para fazê-lo. Com todo esse suporte e um estúdio com uma sonoridade maravilhosa, partimos para realizar. Gravamos em três etapas e o álbum ficou pronto no mês de dezembro de 2019. Fizemos um lindo show de lançamento no Teatro Santa Isabel, no Recife. Na sequência tivemos dois anos de pandemia e isso foi um balde de água fria em nossa pretensa divulgação. Dois anos sem shows e sem a perspectiva de retomada dos compromissos. No repertório desse meu "Sambas" tem parceiros diletos e importantes na minha vida. Assino parcerias com Zeca Baleiro, "Japi"; Gerude "Amar é bom", "Pagar pra ver", "Segura o Banzeiro", "É bom viver" e "Coração na Voz"; Nonato Buzar "Coração na Voz" e "Você veria"; Luií Lobo "Samba em Sete"; João Nogueira "Ladeira". Assino uma música solo "Pedra do Mar". Foi nesse clima de muita amizade, afeto, calor humano e amor, junto aos amigos diletos que nasceu o "Sambas". Tenho muito apreço pela obra, pela música e por nossa performance. Costumo dizer que a gente fez uma iluminada gravação e isso passa para quem ouve. Esse álbum me representa muito e o encaro como mais um objetivo alcançado dos muitos que ainda busco realizar. 

Nosly com alunos da "Oficina Itinerante Trilhas e Tons-Teoria Musical Aplicada à Música Popular"

Prestes Filho: Você realizou a “Oficina Trilhas e Tons”, projeto no Estado do Maranhão. Passou por 60 cidades.
Nosly: A idéia da oficina nasceu em Düsseldorf, na Alemanha. Numa noite fria de inverno, eu estava assistindo a um documentário na TV sobre o maestro e compositor Heitor Villa Lobos. Me encantou.
Sempre fui fã do Villa e tinha acabado de ler sua Biografia. Uma obra incrível que ele tem, um verdadeiro legado para a humanidade. Os estudos para violão são primorosos e didáticos, um oásis para quem se aventura no estudo clássico do instrumento. Ele era um idealista com relação a educação musical nas escolas. Dizia que todo jovem estudante brasileiro deveria ter acesso ao ensino musical. Tenho Villa-Lobos como um dos inspiradores dessa ideia. Tenho alguns mentores no astral e aqui nesse plano. Villa Lobos,Ian Guest, Almir Chediack e Toninho Horta. Eles me inspiraram muito em como planejar um conteúdo que fosse inclusivo e ao mesmo tempo elucidativo com relação aos fundamentos básicos da teoria musical aplicada à Música Popular. Voltando da Europa, cheguei no Maranhão, São Luís, e arrumei um parceiro para ajudar a organizar e executar a ideia. Ele se chama Wilson Zara (Zarpa Produções). Vestiu a camisa comigo e alinhavamos a 1ª edição da "Oficina Itinerante Trilhas e Tons-Teoria Musical Aplicada à Música Popular". Encaminhamos através da lei de incentivo estadual para a Cultura do Maranhão (SECMA) e fomos patrocinados pela Equatorial Energia do Maranhão. Com a ideia posta realizamos 10 oficinas. Dez cidades do interior do Maranhão foram contempladas. Hoje já temos seis edições realizadas em 60 cidades contempladas e mais de 1500 alunos certificados. Temos um desejo imenso de continuar esse trabalho. Talvez o projeto mais lonjevo da lei de incentivo do Estado do Maranhão. Dez anos de trabalho e agora somos três os que vão pra estrada: Nosly, professor; Wilson Zara, coordenador; e Mauro Izzy, auxiliar. Com esses amigos viajei por todas as regiões do Estado do Maranhão, educando com música, compartilhando conhecimento e disseminando Cultura. O Maranhão é um estado multicultural. É incrível a riqueza e o potencial artísticos dos maranhenses. Toda a informação rítmica do folclore e a influência afro e dos povos originários são muito fortes. Oportunizar o aprendizado musical,de forma gratuita e inclusiva, in loco, foi tudo o que idealizei e que fiz acontecer. Muitos alunos talentosos em todas as regiões, alguns multiinstrumentistas. Tivemos os mais diferentes perfis. As idades variaram de 12 a 72 anos. Um curso de 20h, desenvolvido de maneira intensiva durante uma semana que deixa legado por onde passa. Pois que o conhecimento é o que alavanca o progresso. Capacitar pessoas é o alicerce. Músicos amadores e profissionais, professore e iniciantes, iniciados e pessoas da comunidade, representantes de povos originários e quilombolas, pescadores, quebradeiras de coco e estudantes do Movimento dos Sem Terra (MST). Abraçamos a todos e hoje estamos colhendo os frutos, pois depois de 10 anos de trabalho uma gama de ex-alunos já são licenciados em música pela Universidade do Estado do Maranhão (UEMA) e pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Tenho o projeto aprovado na Lei Rouanet para realizarmos a VII edição. Estamos na luta para conseguir o patrocínio. Não sou de jogar toalha e sou movido a desafios. Esse será mais um. Tenho certeza que o astral positivo vai continuar ajudando. Queria muito ainda em vida ver a educação musical como matéria curricular na grade das escolas públicas do Brasil. O sonho do
Villa-Lobos é o meu também. Penso que assim teremos uma nova geração mais  cordial, fraterna, amorosa e educada.

"A música transforma o ser humano para melhor. Dos alunos mais marcantes destaco 4 representantes do povo guajajaras, na cidade de Grajaú. Eu fui no dia seguinte ao término da oficina visitar a aldeia deles. Levei uns encordoamentos para violão de presente e o cacique reuniu todos no meio do terreiro e fiz um show acústico para eles. Jamais vou esquecer disso, daquele momento lindo. Também, bem legal foi na cidade de Tutóia, onde tive alunos que eram de uma família de pescadores e adoravam música. Não perderam nenhum dia de aula! No final dei umas camisas de presente para eles e ganhei em troca camarão seco e farinha d'água. (rsrsrs). Fizemos ali aquele escambo de harmonia. Eles são meus amigos até hoje. Também destaco uma família quilombolas de Grajaú. Pai e filha que vieram da roça para estudar teoria. Concluíram o curso com mérito. Quando você pode proporcionar isso para as pessoas de forma totalmente inclusiva e gratuita é um bálsamo para o coração. Pois a colheita sempre vem e cada aluno que conquista seu objetivo é o sinal de que vale a pena compartilhar o conhecimento .”

Prestes Filho: Hoje é perceptível que existe um afastamento dos artistas da cultura brasileira. As sociedades que compõem a assembleia do ECAD poderiam realizar um trabalho maior em defesa do compositor brasileiro?
Nosly: Sou filiado a AMAR (Associação de Músicos Arranjadores e Regentes), mas já fui da Socimpro e da UBC. Todas tentam defender o compositor, o lobby do ECAD no congresso é muito forte. Mas não há muitas mudanças. São poucas as conquistas, tanto no que tange à proteção da obra, quanto ao sistema mais eficiente de arrecadação. As plataformas digitais não distribuem de maneira correta. No Brasil estamos engatinhando na matéria arrecadação e distribuição. Aqui o compositor pena para receber. Só aqueles que estão na grande mídia é que arrebatam o direito autoral. Tem que ter milhares de downloads para ver algum retorno financeiro das plataformas. O ECAD deveria passar por uma reformulação urgente. Pois o que se vê é cada vez mais a obra desprotegida. O que a gente espera é totalmente o inverso disso. Tenho músicas editadas no exterior e apesar do reclame nunca recebi um centavo de direito autoral. Quer dizer esse link do Ecad com  as associações internacionais, por exemplo, com a Ascap (EUA), Gema (Alemanha) e Sgae (Espanha) é muito falha. Sem que o ECAD funcione nada chegará na AMAR. Portanto fico sem receber o direito autoral. Tem que se repensar, atualizar o sistema com urgência. Estamos sendo regidos por leis de direitos autorais do século passado. Tudo avançou. Não existe mais disco vinil e nem o CD . Agora são plataformas de streaming. Isso significa um outro modo de arrecadar e distribuir.

"Embora com tudo de adverso a toda prova, sou otimista com relação ao futuro, pois existem compositores unidos em torno dessa causa, dessa demanda e com representatividade junto aos congressitas. Podemos vislumbrar  mudanças e dias melhores. Penso também que as associações podem fazer muito mais pelos associados. Inclusive no que concerne a divulgação dos trabalhos dos mesmos, oportunizando a todos e não tão somente aos que são "conhecidos" que é o que mais impera. Quem quer ser compositor tem que ter além de sabedoria muita resiliência e otimismo. Eu jamais vou abrir mão da composição que acredito em detrimento da matéria. Compor para mim é vital. É a hora que me sinto mais feliz.”

 

Nosly Marinho Júnior. NOSLY. Nasceu em Caxias, Estado do Maranhão, no dia 9 de Agosto de 1967. Tem um casal de filhos: Ian Marinho, natural de Olinda, Pernanbuco, músico, guitarrista e produtor; e Maria Gabriela, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, musicista e engenheira civil. Tem o neto: Ian Leal Marinho (Ianzinho).

Luiz Carlos Prestes Filho é compositor, jornalista, roteirista e diretor de filmes documentários