Os usos do medo

Os usos do medo

(Tradução de um poema de Rumi a partir da versão em inglês de Coleman Barks)

 

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OS USOS DO MEDO

 

Um burro girando uma pedra de moinho não está
tentando extrair óleo de sementes de gergelim.

 

Ele está fugindo do golpe que acabou de receber
e tentando evitar o próximo.

 

Pela mesma razão, o boi leva uma carga
para onde você quiser.

 

Lojistas trabalham para si próprios,
não pelo fluxo da troca comunitária.

 

Todos buscamos aliviar nossa dor,
e isso mantém a civilização caminhando.

 

Deus fez do medo o arquiteto aqui.
O medo nos mantém trabalhando perto da arca.

 

Já houve muitos dilúvios de matar as almas,
muitas arcas, e muitos Noés.

 

Alguns seres humanos são portos seguros.
Seja amigo deles.

 

Outros podem parecer ser amigos,
mas na verdade estão consumindo sua essência
como asnos lambendo sorvete.

 

Se desconecte desses e sinta a flexibilidade voltar.
A umidade interna que te permite se curvar
até a alça de uma cesta é um estímulo interior
do qual ninguém tem medo.

 

Às vezes, porém, é o medo
que te traz para a presença.

  

  

(Traduzido do livro The Essential Rumi)