Carlos Gomes desceu do Pedestal
"Carlos Gomes desceu do Pedestal"
Texto de Luiz Carlos Prestes Filho*
Ao aplaudir a peça teatral "Maestro Selvagem" da autora Miriam Halfim, dirigida por Ary Coslov e interpretada pelo ator Luciano Quirino, me veio a imagem de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). Padre católico, professor de música, maestro e compositor. Negro, descendente de escravizados, de origem humilde que teve uma sólida educação em música e letras. Percebi que a História de vida uniu os destinos destes dois gigantes da música brasileira.
Luciano Quirino
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Por exemplo, sobre Carlos Gomes (1836-1896), o Maestro Selvagem, poderíamos escrever as mesmas palavras que constam da biografia de José Maurício: "Elevadas qualificações artísticas e intelectuais se revelaram cedo e, de certo modo, fizeram a sociedade escravocrata de sua época atenuar as fortes restrições de acesso a posições de prestígio que colocava contra os negros como ele, mas não o livraram completamente dos infortúnios gerados pelo preconceito". |
A dramaturga Miriam Halfin
A estrutura dramaturgica do espetáculo de Miriam Halfim é linear. Seguimos do nascimento, através da formação, triunfo e morte da personagem em cena. Com pequenas referências do ambiente político e social ela moldou o retrato de um Carlos Gomes inventivo, inquieto, adúltero, pai e marido eloquente - claro compositor apaixonado por sua terra e identidade musical. Destaca a ópera como o gênero de maior interesse deste que fez o Brasil brilhar em toda Europa no século XIX.
O diretor Ary Coslov
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Inteligentemente a autora e o diretor da peça não impuseram a plateia opiniões de músicólogos ou de críticos contemporâneos sobre a obra, que compõe a trilha sonora do espetáculo. Composições famosas, e outras menos, de Carlos Gomes surgem como que dizendo a todos, ao chegarem em casa, busquem as mesmas nas plataformas digitais. |
A simplicidade, a proximidade e o profissionalismo de Luciano Quirino faz a escultura de Carlos Gomes, que fica ao lado do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, descer do pedestal. Certo momento parece que estamos com o próprio tomando um chope no restaurante "Amarelinho".
Luciano Quirino
A magia do teatro assim se fez acontecer. Nenhum audiovisual ou livro, pintura ou ópera seria capaz desta proeza.
*Luiz Carlos Prestes Filho é diretor de filmes documentários, formado pelo Instituto Estatal de Cinema da União Soviética (1978-1983). É compositor, poeta, jornalista e especialista em Economia da Cultura. Publicou os livros: "Cadeia Produtiva da Economia da Música" (2005); "Cadeia Produtiva da Economia do Carnaval" (2010); "O Maior Espetáculo da Terra - 30 anos do Sambódromo" (2017). Foi idealizador e realizador do Memorial Coluna Prestes Santo Ângelo - RS (1996); Memorial Coluna Prestes Tocantins (2001); Monumentos Coluna Prestes nas cidades de Arraiais (TO), Santo Ângelo (RS), Crateús (CE) e Santa Helena (PR) com projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. Organizou e publicou o livro "Bom dia Manhã" do ator Grande Othelo (1992).
MAESTRO SELVAGEM - Ficha Técnica:
Texto: Miriam Halfim
Direção: Ary Coslov
Atuação: Luciano Quirino
Participações especiais: Larissa Nunes, Gustavo Maya e Ricardo Lopes
Cenário : Marcos Flaksman
Iluminação: Aurélio de Simoni
Figurino: Samuel Abrantes
Direção de movimento: Marcelo Aquino
Assistente de direção: Johnny de Castro
Assessoria de imprensa: Alessandra Costa
Projeções mapeadas: Renato Krueger
Assistente de cenário: Bidi Bujnowski
Assistente de Figurino: Vinicius Eco
Cenotécnico: Humberto Jr e equipe
Fotógrafo: Guga Melgar
Programação visual: Isio Ghelman
Mídias sociais: Rafael Gandra
Produção executiva: Bárbara Montes Claros
Direção de Produção: Celso Lemos
Realização: MM - Halfim Produções Artísticas Ltda
Serviço:
Onde: Centro Cultural da Justiça Federal: Av. Rio Branco 241, Centro
Datas: de 04 a 27 de outubro
Dias: Quinta e sexta, às 19 h. Sábado e domingo, às 18h.
Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
Lotação: 141 lugares - Duração: 70 minutos - Classificação: 14 anos