O Canto dos 200 anos da Independência

O Canto dos 200 anos da Independência

Monumento a Tiradentes em Ouro Preto, berço da Inconfidência Mineira

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Tiradentes: "Molhem minha goela com cachaça da terra"

Julia Félix interpreta obra em homenagem a Inconfidência Mineira, acompanhada por Fernando Leitzke, ao piano

Quando na forca pergutaram a Tiradentes sobre seu último desejo, o mártir da luta pela independência do Brasil respondeu: "Molhem minha goela com cachaça da terra".
 
LOCAL: Sala Darcy Ribeiro da Biblioteca Parque
ENDEREÇO: Av. Presidente Vargas n⁰1261
DIA: 17-10-2022
HORÁRIO: 16h
Dando continuidade às ações em torno do projeto "Passaporte do Bicentenário", a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural realizam mais uma ação relacionada com a comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil. Na ocasião, a obra dramático-musical "Molhem minha goela com cachaça da terra", de autoria de Luiz Carlos Prestes Filho e Lucas Bueno, será apresentada.

Após a apresentação acontece a degustação das cachaças Século XVIII, Werneck, Magnífica, Pereirinha, Vilarejo e Santa Fé, Dona Bega no VinoArt, às 18h30, bairro do Catete, Rua Arthur Bernardes nº 14 . A degustação será orientada pela Confraria de Cachaça Copo Furado do Rio de Janeiro

Lucas Bueno e Luiz Carlos Prestes Filho

O jornalista, radialista e historiador da música brasileira, Ricardo Cravo Albin, fundador do Museu da Imagem do Som do Rio de Janeiro, abordará, a partir das comemorações dos 200 anos da independência, o tema: porque a cachaça foi eleita pelos participantes da Inconfidência Mineira como símbolo de brasilidade e liberdade. 

Ricardo Tacuchian, um dos mais importantes compositores brasileiros da atualidade, ex-presidente da Academia Brasileira de Música (ABM), brindará os presentes com sua opinião sobre a estrutura musical e poética da obra.

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Fernando Resende Chaves (9º geração de Tiradentes) e Luiz Carlos Prestes Filho na entrada do Alambique Boa Vista

"Molhem minha goela com cachaça da terra" foi apresentada recentemente nas cidades mineiras de Coronel Xavier Chaves, São João del-Rei e Tiradentes, pela orquestra de alunos da Unversidade Federal de São João del-Rei, com a regência do maestro Modesto Fonseca. Realização da Aquarius Produções Culturais. Momento quando os compositores puderam conviver com os descendentes diretos do martir da luta pela independência.

Alambique Boa Vista
Em conversa emocionada com Luiz Carlos Prestes Filho, Fernando Resende Chaves, hoje o principal responsável pelo Engenho Boa Vista, o mais antigo em funcionamento no país, que pertenceu a Domingos, irmão de Tiradentes, contou sobre a vibração da apresentação musical dentro do alambique.

Fernando Chaves: "Dois dias antes da apresentação musical o nosso engenho tinha recebido uma visita que estressou todo seu manejo. Foi de gente rigorosa e fria, de olho grande. A abordagem daqueles visitantes foi tão dura que refletiu diretamente na levedura que estava deitada para receber alambicagem. Até as portas e as janelas de trezentos anos sentiram o desamparo do que se passou. A levedura ficou desanimada. Não reagia, não conversava. Zangada que estava. Eu já tinha vivido situações forçosas dessas, faz décadas que estou à frente do processo de produção. Sempre trato as leveduras com amor. Quando acontece coisa destralhada assim, eu rezo, canto e respiro fundo. Procuro o sorriso. Instruo os colaboradores: 'Cheguem cantando, tragam formosuras. Quem tiver com algum problema ou nervosias, faz uma oração. Caso contrário aquilo que sente vai passar para a cachaça.' Pois, a desarmonia da qual estou falando aconteceu dois dias antes do alambique receber a orquestra, que veio aqui trazer canções sobre Tiradentes. Sim, ele frequentou nosso lugar. Seu irmão, Domingos, foi dono disso aqui. Depois passou para a irmã, que depois passou para outros da nossa família. Até chegar no meu pai, em mim e no meu filho. Nós todos somos continuidade daquele que imaginou, lutou e morreu por um Brasil livre."

Maestro Modesto Fonseca regendo a orquestra no Alambique Boa Vista

Fernando Chaves: "Quando o maestro começou a reger, a orquestra a tocar, a cantora a cantar, a criançada e as velhinhas a chorar - a levedura se mexeu. Imagina! Ela sentiu toda aquela vibração descomum de bondade. Reagiu, borbulhou e soltou um aroma de perfume cheio da alegria que sentia."


Soprano Julia Félix cantando no Alambique Boa Vista

Fernando Chaves: "Naquele momento surgiu na minha cabeça a palavra “encantada”. Estava acontecendo um encantamento! O canto se passou para a levedura. A levedura, por sua vez, começou a falar que o rebuliço ruim vivido dois dias antes, estava indo embora. A levedura disse que a cachaça que logo-logo ia ser alambicada seria contente. Meu filho Francisco, foi com quem destilei todo o vinho que foi desestragado pela música, ele é testemunha que o caldo da cana dançou com a orquestra. Agora, temos que sentir um pouco de saudade. A “Encantada” está separada para não misturar com nenhuma outra. Vai descansar no tempo fazendo acontecer as mais diferentes reações de estabilização. Todas as substâncias selecionadas na destilação, vão reagir entre si. Deixa elas conversarem sobre o encantamento que viveram."

Na Igreja da Lampadosa, que fica na Av. Passos 13, no Centro do Rio de Janeiro, Tiradentes comungou antes de ser enforcado - foto Claudio Lara

Para Luiz Carlos Prestes Filho é extremamente simbólico a apresentação da obra em homenagem a Tiradentes, na Biblioteca Parque que fica próxima do antigo Largo da Lampadosa, local onde hoje se encontra o Teatro João Caetano. Naquele logradouro público foi erguida a forca onde Tiradentes pronunciaria o seu último pedido: "Molhem minha goela com cachaça da terra". Para o autor: "Tiradentes foi na sua época um revolucionário e assim deve ser reconhecido pela historiografia. Homem que lutou pela independência do Brasil de Portugal, entendendo que o Brasil livre deveria ser uma Republica".

O idealizador da obra considera oportuno lembrar hoje as palavras do inconfidente, jurista e poeta, TOMÁZ ANTÓNIO GONZAGA , que registrou na sua obra “Cartas Chilenas” a situação do Brasil, então colônia portuguesa, no final do século XVIII: prática de enriquecimento ilícito e de prevaricação; alto custo e ineficiência da justiça; prática de suborno; proteção oficiosa ao contrabando; corrupção na venda de despachos e patentes militares; deficiência de abastecimento e alto custo de vida; prática da usura; precariedade das condições de higiene dos estabelecimentos comerciais e hospitalares; e, finalmente, mendicância.


"Molhem minha goela com cachaça da terra"

(Disponível em todas plataformas digitais!)

Luiz Carlos Prestes Filho

Idealização, Poesia, Ilustração, e Letras das Canções

Ivan Alves Filho e Luiz Carlos Prestes Filho

Texto e Pesquisa Histórica

Lucas Bueno e Luiz Carlos Prestes Filho

Música

Julia Félix

Soprano

Lucas Bueno e Luiz Eduardo de Oliveira

Arranjo

Luiz Eduardo de Oliveira

Direção Musical

@Todamérica Edições Ltda

SERVIÇO: A SECEC-RJ e o INEPAC convidam para uma tarde em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil. Evento que integra as ações em torno do projeto "Passaporte do Bicentenário" - com debate, atração artística e mais! Dia 17/10, segunda-feira, às 13h30, abertura do evento. A apresentação da obra "Molhem minha goela com cachaça da terra" será às 16h. Encerramento das atividades,18h. Confirme sua presença no email: taissa.cordeiro@cultura.rj.gov.br . Sujeito à lotação!

 
A P O I O
Fundação João Mangabeira, Editora Quanta, Instituto Cravo Albin, Cachaça Werneck, Cachaça Século XVIII, Cachaça Boa Vista, Cachaça Magnífica, Cachaça Pereirinha, Cachaça Santa Fé, Dona Bega, VinoArt, Confraria de Cachaça do Copo Furado do Rio de Janeiro
 
ANOTAR PARA NÃO ESQUECER !

 

A editora QUANTA e a FUNDAÇÃO JOÃO MANGABEIRA oferecerão para a SEC-RJ 10 exemplares do livro "TRILOGIA HEROICA", do qual faz parte a obra  "Molhem minha goela com cachaça da terra". Dois destes livros serão sorteados para os presentes. Os outros serão enviados para bibliotecas do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O Instituto Cravo Albin oferecerá dois exemplares do livro "Pedro I compositor inesperado", para sortear entre os presentes;

Após a apresentação será realizada pela Confraria de Cachaça Copo Furado a degustação das cachaças Werneck, Século XVIII, Magnífica, Pereirinha, Santa Fé e Dona Bega na loja VinoArt. Endereço: Rua Arthur Bernardes n⁰14 - Catete. Horário: 18h30

O irmão de Tiradentes, Domingos, era o proprietário do Engenho Boa Vista,  frequentado pelo martir da INDEPENDÊNCIA DO BRASIL